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quinta-feira, 14 de abril de 2011

FEIJOADA NA INGLATERRA: FEIJÃO P'RA INGLÊS VÊ...

Rosangela Scheithauer-Diogo Bueno 12 de abril às 08:45
Feijoada Sem Feijão
(R. Scheithauer)



Muitas vezes até mesmo cozinheiras profissionais têm seus dias desastrosos, não me encaixo na categoria profissional, mas o meu dia desastroso aconteceu certa vez quando morava na Inglaterra e resolvi convidar amigos ingleses para um almoço bem brasileiro. Resolvi preparar-lhes uma feijoada, pois nunca haviam provado a mais famosa das comidas brasileiras.

Levantei-me cedo para iniciar os preparativos para a "odisséia". Com muito amor e dedicação fui a cozinha às 7 da manhã, sendo que o almoço estava marcado para as 13 horas. Já havia deixado o feijão de molho durante a noite anterior, teria apenas que cozinhá-lo, adicionar as carnes e o tempero.

Devo esclarecer que na Inglaterra nos anos 80 não era fácil encontrar os típicos ingredientes como: paio, focinho, pé de porco e farofa. Sendo muito criativa, sempre encontrava um ingrediente que "lembrava" bem o original e pronto, problema resolvido.

Quando o feijão estava cozido, adicionei-lhe as carnes que encontrei no mercado: vários tipos de lingüiças, costelinhas de porco, carnes defumadas e toucinho.

Com o feijão já bem adiantado, comecei a preparar os acompanhamentos. Fiz um arroz bem gostoso e soltinho, couve - que lá não existia (e aqui na Áustria também nao), porém improvisei com um tipo de repolho verde - molho vinagrete, laranjas e farofa. Esta última nem pensar! Os ingleses nunca tinham ouvido falar na farinha e nem sequer na própria mandioca! Meu ex-marido, querendo dar uma de entendido, comparava-a com "serra de madeira" (éca! Imaginem só) e imaginem a cara que os ingleses faziam com essa comparação!

Às 11 horas só faltava arrumar a mesa, cuja decoração fiz com bandeirinhas do Brasil e Inglaterra. Típico dos ingleses (e dos ustríacos também), às 13 horas pontualmente tocaram a campainha. Ofereci-lhes a tradicional caipirinha e fui à cozinha para os preparativos finais, separei as carnes do feijão, coloquei-as em um pirex, levei todos os demais acompanhamentos à mesa e, com a intenção de servir o feijão bem quentinho, deixei-o na panela, liguei o fogo e voltei à sala.

A conversa estava tão boa que eu fiquei lá no mior papo e me esqueci do feijão e só fui me lembrar ao sentir um cheiro horrível de queimado. Corri em pânico à cozinha e o temível já havia acontecido: o feijão estava todo queimado! Pânico total! Meu Deus, e agora? Chorar não adiantaria nada! Chamei-os à mesa e servi-lhes as carnes com o arroz, couve, farofa, molho vinagrete e laranjas.

Feijoada sem feijão deve ser o que chamam de "Feijoada quase Light", ou pelo menos estou lançando uma nova receita! Fui muito elogiada, todos comeram e até repetiram! A feijoada sem feijão foi o maior sucesso.

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p.s.: nao tem aquele ditado aí que diz: quem nao tem cao caca com gato? Pois entao, aqui na Áustria só caco com gato!!

Um comentário:

  1. Oi Dino, mais uma vez muito obrigada por divulgar a minha "croniquinha"! Pois é... essas e muitas outras situacoes constrangedoras (mas hoje as acho engracadas) já passei nesses anos todos fora do Brasil. Tenho sempre uns bons "causos" pra compartilhar com voces.
    Abracao conterraneo!

    Rosangela

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