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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

SEMANA DA ARTE MODERNA, ASSUSTOU, HOJE, ETERNA! Lições que a vida nos ensina...


Cadillac verde de Oswald de Andrade 


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“A meu ver a figura mais característica e dinâmica do movimento”, disse Mario de Andrade


  • Texto: Adriana Bernardino Sharada
  • Fotos: reprodução (Cadillac Database)
(A foto acima é ilustrativa. Rodamos, esvaziamos o tanque e não conseguimos achar uma imagem de Oswald com sua caranga, mas suspeitamos que seja um Cadillac parecido com esse, de 1919).



(17-02-12) – Semana de Arte Moderna comemora 90 anos este mês. Entre os principais personagens do movimento, que aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, estavam Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. O "Grupo dos Cinco", como ficaram conhecidos alguns dos artistas responsáveis por escandalizar os padrões estéticos da época, poderia ser chamado de Grupo dos Seis, graças a um ilustre desconhecido: o Cadillac de Oswald. 

Segundo definição de Tarsila do Amaral, eles eram um "grupo de doidos em disparada por toda parte no Cadillac verde de Oswald". Na opinião da pintora, a escolha do artista pelo Cadillac tinha uma só razão: o carro vinha com cinzeiro, um item ainda raro nos outros modelos. Teria Tarsila reduzido em demasia as motivações de Oswald?

É provável. Para a época, o Cadillac representava, sobre quatro rodas, a vanguarda que o movimento modernista propunha nas artes. “O Cadillac sempre esteve à frente de seu tempo. Foi o primeiro modelo, por exemplo, com motor de partida (antes era a manivela)”, diz Marcus Conte, presidente do Cadillac Clube do Brasil. Segundo Conte, na década de 1950, o carro era símbolo máximo de bom gosto, status e sofisticação. “Se você quisesse ser alguém tinha de ter um Cadillac”, conta. 

Cadillac da glauca ilusão

Com os quatro modernistas de carona, Oswald acelerava o motor V8 por toda a cidade. Um dos passeios favoritos, entretanto, era a fazenda de Tarsila do Amaral, onde os artistas cantavam ao som do piano e buscavam inspiração para obras futuras. 

O Cadillac foi tão marcante na vida dos artistas que Mário de Andrade fez revelações entusiasmadas sobre o carro. As palavras do autor de Pauliceia Desvairada dão asas à imaginação: "Fazíamos fugas desabaladas dentro da noite, na (sic) Cadillac verde de Oswald de Andrade, a meu ver a figura mais característica e dinâmica do movimento, para ir ler as nossas obras-primas em Santos, no Alto da Serra, na Ilha das Palmas...”. O artista chegou a fazer um versinho para o automóvel:

Na Cadillac mansa e glauca da ilusão
passa o Oswald de Andrade
mariscando gênios entre a multidão

Motores no manifesto futurista

Em 1909, o artista egípcio Filippo Marinetti, escreveu o Manifesto Futurista , considerado revolucionário para as artes e cujas ideias teriam sido trazidas ao Brasil por Oswald de Andrade, que voltava de uma temporada na Europa.

Um dos itens que compõem o Manifesto pode fazer acelerar os corações movidos a combustível:

Nós afirmamos que a magnificência do mundo foi enriquecida por uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida cuja capota é adornada com grandes canos, como serpentes de respirações explosivas de um carro bravejante que parece correr na metralha é mais bonito do que a Vitória da Samotrácia*.

*Samotrácia: escultura que representa a deusa grega Nice.

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