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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

JARBAS MAGALHÃES FAZ UM DESPEDIDA SINGULAR AO AMIGO GENINHO SCOMPARIN: ARTE E CRIATIVIDADE NESTE ADEUS DIFERENTE QUE EMOCIONOU A GENTE...



Adeus Geninho!



“A lua é nova e é nova a informação
Mudou meu céu e vai mudar meu chão
A terra ardeu e o céu desmoronou
vai mudar pro amor sobreviver” (Taiguara).

Como reagir a um fato inexorável, se eu nasci há cem mil anos atrás e invento mais que a solidão me dá? Se inventaram o sonho e a dor, porque inventaram a amizade? Não sei não! Não sei a vez de me lançar, nem sei se o amor é luz ou mistério. Pudesse eu ter a estrada e a rota certa que levasse até dentro de você, meu amigo, eu tentaria  ajudar. Como deve ser doloroso ver sem ver, sentir sem sentir, que mistério louco é o fim da vida, não é? Há poucos dias, conversamos rapidamente sobre a arte de viver já mais velhos, lembra-se? Eu diria que você sempre foi muito sábio, sempre soube se doar, sempre soube repartir, meu amigo. Entendi sempre, que caminhando contra o vento, sem lenço ou documento, você sempre soube ser generoso, sempre teve um coração imenso e sempre o dividiu com seus amigos, mulher e filhos. Sabe amigo, cada amigo que se vai é um pedaço de cada um de nós, mas você foi exagerado! Levou muito do que plantou em cada um de seus amigos. Nós sabemos que a saudade é o pior tormento, é pior que o esquecimento, é pior que se entrevar. Não foi assim que disse o nosso amigo comum, o Chico Buarque? Tudo começou com uma fisgada na perna e logo tudo subiu para a cabeça, não foi? Foi tudo tão rápido, não foi? Espero que não tenha doído tanto! Então amigo, hoje trago no olhar imagens distorcidas, minhas mãos enfraquecidas e vazias procuram nuas pelas ruas, mesmo que eu tenha medo, acorde e te procure para uma conversa. Sabe, eu não queria a tua velha juventude assim perdida, eu não queria andar correndo pela vida. Eu não queria ser seu amigo assim, como eu sempre pensei ser. Seria muito mais fácil nessa hora, meu amigo. Daqui à pouco vou te ver diferente do que sempre foi. Te verei inerte, frio, com uma gravata apertada no pescoço, formal, como nunca foi. Embora saiba que estará bem arrumado assim, não te verei desse jeito, pode dormir tranquilo.  Como as palavras que penso e declaro e graças à vida que tem me dado tudo, te verei rebatendo firme a bola lá na defesa do campinho, vibrando com os gols do seu time, correndo pelo lado direito do gramado, com as forças que a vida lhe dava, forte e decidido. Depois, te verei curtindo Beatles e rock, embalado por álcool leve de uma cervejinha, enquanto eu e seu irmão curtiríamos um Campari, falando bobagens gostosas num sábado à tarde, não é? Um pouco de política, muito futebol, problemas comuns, “agorisses” (coisa de agora e sempre, invenção minha). Como era bom, não é? Agora, vou te deixar tranquilo e só, para que você faça o resumo de sua vida. Mas, de vez em quando, mande uma notícia, tá bom? Pois é, meu amigo, mande noticias do lado lá, pra quem fica, tá? Todos os dias é um vai e vem, tem gente que chega para ficar e tem gente que vai para nunca mais. São só os dois lados da mesma viagem, a hora do encontro é também despedida, a plataforma dessa estação é a vida. Então, adeus Geninho Scomparin, meu grande amigo! JM

OBS: Sabe Geninho, como sua despedida me deixou sem inspiração, usei um pouco das letras de algumas musicas que sei que você gostava, para me ajudar um pouco, tá bom? Das inúmeras fotos do campinho Club dos XXX), escolhi uma que retrata o que sempre foi: um amigo generoso, honesto e justo,  sempre sorrindo! JM

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