O mundo gira
na terra parada
Em 1950, em pleno estádio do Maracanã, o Brasil foi derrotado pelo Uruguai na Copa do Mundo. Eu me eximo de qualquer culpa, pois ainda estava na barriga de minha mãe – nasci 4 dias após o desastre. Naquele ano, a população brasileira, segundo o IBGE, era de 51.944.397 habitantes, e nossa extensão territorial era de 8.515.767 quilômetros quadrados, área corrigida recentemente.
Em 1970, no México, o Brasil sagrou-se tricampeão mundial, vencendo a Itália, com um selecionado incrível, com os inigualáveis Rivellino, Carlos Alberto, Tostão, Gérson, Jairzinho e Pelé. A população brasileira saltou para 94.508.583 habitantes, “mote” para a música tema da torcida “Noventa milhões em ação...”. O território brasileiro continuou com seus 8.515.767 quilômetros quadrados.
Em 1990, na Itália, a Alemanha venceu a Argentina e conquistou o título de tricampeã mundial. Nossa seleção estava mal estruturada, com jogadores sem condições de disputar e vencer o campeonato mundial de futebol. Caiu nas oitavas de final, justamente contra a Argentina, nosso maior rival. Naquele ano, a população brasileira, segundo o IBGE, era de 146.917.459 habitantes, e nossa extensão territorial mantinha seus 8.515.767 quilômetros quadrados.
Em 2014, jogando no Brasil, o selecionado nacional foi péssimo e tomou aquela goleada fragorosa de 7 a 1 de uma Alemanha bem estruturada, caindo nas semifinais. Não há de se registrar a população nesse ano negro do futebol brasileiro. Em 2015, sem Copa do Mundo, o Brasil está registrando 204.450.649 habitantes e a extensão territorial se mantém empacada em 8.515.767 quilômetros quadrados.
Eu usei o desempenho de nossa seleção como motivo desta reflexão, apenas para uma situação no tempo. O pensamento é mostrar a distorção entre expansão da população e a extensão territorial do país. Enquanto a primeira cresce a passos galopantes, a segunda é estática e, por um raciocínio simplista, no futuro não teremos terra suficiente para a alimentação da população, mesmo com o avanço e sucesso dos experimentos na agricultura, como os alimentos transgênicos.
Ao prescrever métodos contraceptivos – não há necessidade de ser médico para isso –, não temo ser excomungado pelo meu amigo, padre João Paulo Iello, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Acredito que ele esteja preocupado com o crescimento desordenado da população, e com os problemas que isso acarreta: além da fome, a falta de escolas, de assistência médico-hospitalar, o desemprego, a violência nas ruas – proveniente da própria falta de educação – e a falta de perspectiva de uma melhor distribuição de renda.
Meus pais, católicos praticantes, não usaram métodos contraceptivos, como DIU, camisinha, pílula anticoncepcional, ou a “pílula do dia seguinte” – até porque eles não existiam. Eles tiveram 9 filhos, número totalmente inconcebível em nossos dias. Esse assunto eu trago à discussão, tomando a China como exemplo: país mais populoso do mundo, com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, praticamente sete vezes mais que no Brasil. Lá, resolveram controlar, permitindo apenas dois filhos por casal.
A miséria e a fome estão presentes em todo o mundo e exemplo claro disso, é visto em grande parte do território africano. No momento em que o Papa Francisco está fazendo uma revolução em sua igreja, acredito ser este assunto tema de estudo e debate. Não só por ele, como por todas as autoridades mundiais. Enfim, a população cresce, mas a terra é estática.
(Artigo publicado na Gazeta Guaçuana de 17.11.2015)
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