SAUDADE DOS QUITUTES BRASILEIROS
(Rosangela Scheithauer)
Agora que estou de volta ao meu aconchego na Áustria fiquei aqui relembrando as delícias que experimentei no Brasil durante as 5 semanas que aí passei.
Comeco falando do cafézinho da manha todos os santos dias lá na casa dos meus pais – esse é sagrado. Minha mae já ficava me esperando bem cedinho com o café na mesa, pao quentinho, manteiga comecando a derreter, geléia cremosa de goiaba e queijo mineiro. „Bao dimais, so“ .
No almoco eu sempre variava de lugar para nao virar rotina e também para ter chance de experimentar as mais diversas comidas. Fui comer aquele delicioso almoco no Bar do Tina, no restaurante do Lavapés, no Panela Brasileira ali na Rua Paissandú, no Opcao, na churrascaria do Tche, no restaurante Jangada perto da Champion (que por sinal está com um novo „look“, todo reformado e com muito bom gosto – aquele Peixe na Brasa é do outro mundo!) e em vários outros locais que agora nao me lembro o nome. Nao posso deixar de mencionar a deliciosa comida na casa das amigas Angela e Aninha Perina, o almoco na casa do meu irmao Enéas, a feijoada incomparável feita pela prima Joana, o almoco na casa da minha irma Lena que me preparou um nhoque de batata que nem italiano sabe fazer igual, o almoco na casa da tia Neuza e por fim aquele inesquecível almoco na casa da querida Dona Eunice Davoli onde o cardápio foi tudo de bom: arroz, feijao, torresminho, linguica e ovo frito. Gente, voces nao sabem com que prazer eu comi isso tudo, nao deixei nem um graozinho de arroz no prato e só de lembrar minha boca se enche de água.
O café da tarde também variava cada dia na casa de um parente ou amiga, mas o melhor de todos foi aquele na casa da querida amiga (ex-professora) Teresinha Mazotti. Na mesa farta tinha bolo de fubá, queijos, pates, torradas, geléias, paes, café, chá e suco. Isso tudo porque fui convidada para „só um cafézinho“! Imaginem!
Acho que a melhor lembranca é a da visita à feira de rua ali perto da antiga estacao ferroviária - desculpem-me aqueles mais jovens que nem sequer se lembram da estacao, mas tem muita coisa que para mim vai ficar para sempre como ponto de referencia, mesmo que já nao existam!
Até hoje quando alguém me fala que algum lugar é perto da rodoviária eu ainda me lembro daquela que ficava alí na Rua Padre Roque e só depois de algum tempo é que dá um clique (ou „cai a ficha“ ) e me lembro que a antiga rodoviária nao é mais alí!
Bom, mas voltando a falar na feira, que delicia caminhar por todas aquelas barraquinhas e olhar todas as centenas de coisas típicas de feiras: camisetas, blusas, calcinhas, cd`s e vídeos piratas, frutas e verduras de todo tipo (quanta saudade do agriao e da mandioquinha que aqui na Áustria nem em sonho eu consigo comprar). Acho que o melhor da feira é a barraca da pamonha - acho nao, é SIM…. Aaaaii meu Deus, só de lembrar eu fico aqui engolindo seco. Na barraca tem pamonha, curau, bolo e pudim de milho e até cangica tem – aquela branquinha de leite e a outra com amendoim. Covardia né? É uma verdadeira perdicao pra quem estiver fazendo regime, mas como eu nem penso em regime quando estou de férias comprei uma de cada pra comer em casa. Aquela pamonha com queijo derretido é a lembranca mais viva que carrego comigo e logo ao final da cronica voces saberao o que estou querendo dizer com isso.
Essas idas à feira me transportam para o tempo da minha infancia quando aos domingos costumava ir com minha avó lá no mercado municipal. Nossa!!! Lá tinha de tudo, lembram-se? Tinha desde vassoura, panelas, pregos, agulhas, carretéis de linha, guarda-chuvas, casas de passarinho, racoes de todo genero, comidas de botequim, sem contar as verduras e frutas que ficavam no andar de baixo. Lembro-me que certa vez me choquei quando vi um senhor matando uma galinha ali mesmo no local para que a freguesa a levasse „fresquinha“ para casa!! Saindo dalí minha avó sempre me levava na Padaria Estrela para comprar sonho recheado com aquele creminho branco ou rosca coberta com creme e coco ralado. Naquele tempo ouvia-se música sertaneja tocando no rádio , mas pouca gente a ouvia e nao era de maneira alguma apreciada pelos jovens. Hoje, por incrível que pareca, a música sertaneja é a que mais toca e a mais vendida.
Foram dias lindos que passei ao lado de familiares e amigos, dias inesquecíveis que guardarei eternamente na lembranca. Voltei com 5 quilos a mais, mas feliz da vida por ter podido saborear essas delícias que nao troco por nada nesse mundo. A maior culpada é aquela abencoada pamonha com queijo!
Como o pessoal lá na feira diz: „ Vai levar mais uma, Patroa“ ?? Bem que eu gostaria de levar todas, mas vai ficar para a próxima!
Tchau gente boa!
Ahhh... esqueci de mencionar que além do café-da-manha na casa dos meus pais eu passava todos os dias para tomar um "Canelinha" (café com canela) ali no Café do Ronaldo (quase em frente à Anaconda). Eu até tenho uma "ficha" lá que ele sempre abre quando chego para evitar ter que ficar carregando dinheiro pequeno todos os dias e no final eu acerto as contas, daí ele guarda a ficha lá até a minha próxima visita.
ResponderExcluirAdoro essa familiaridade do pessoal de Mogi Mirim e sinto muita falta disso aqui em Viena.
Foi muito bom estar aí - espero voltar em breve.
Abracos,
Rosangela
Rosangela - artista muita querida em nossa cidade e região - quando de sua visita, o difícil p'ra ela é encontrar tempo para visitar todos os locais que solicitam sua presença. Portanto, antes de partir, nesta última semana de Julho, disse-nos que a próxima vinda para o Brasil - será num verão e todos verão que a Rosangela - que soube curtir sua encantadora infância nesta terra querida - irá aproveitar mais o calor do seu povo mogimiriano e raios do astro rei que aqui brilham mais - bem mais que em outros continentes que conhecera...
ResponderExcluirMuito obrigada Dino!
ResponderExcluirFoi um prazer falar com voce, mesmo que rapidamente alguns dias antes do meu retorno para a Áustria.
Relendo o que escrevi bateu uma saudade ainda maior de tudo aquilo que vivi nos dias maravilhosos que passei aí em Mogi Mirim.
Grande abraco e até a próxima se Deus quiser!
Rosangela