Rosangela Scheithauer-Diogo Bueno |
A arte de servir o vinho
Admito ter aprendido muitas coisas na Europa que jamais teria aprendido na cidadezinha onde nasci, lá no interior de São Paulo, não pela incapacidade de aprendizado e sim devido a falta de costume ou mesmo oportunidade. Refiro-me, por exemplo, a conhecer vinhos e como servi-los propriamente.
Para começo de conversa, onde nasci raramente se toma vinho, a bebida comum é cerveja ou refrigerante, sem contar as tradicionais batidas.
Tive um marido conhecedor de vinhos que ajudou-me a adquirir o gosto (o que não é nada difícil!) e aprender a arte e ciência de servir um bom vinho, imprescindível para o sucesso de qualquer especialidade gastronômica.
Para acompanhar pratos de carne, peixes, massas ou queijos é necessário servir um vinho de recente aquisição, deixando-o repousar por oito dias em lugar ventilado e com certa obscuridade, distante de ruídos e vibrações, temperatura estável e fresca antes de ser consumido. As garrafas, por sua vez, devem ser mantidas horizontalmente com ligeira inclinação, tendo cuidado de colocá-las em posição vertical momentos antes de servi-la para que os sedimentos se depositem no fundo.
Os vinhos brancos e rosados devem ser servidos à temperatura de 7 a 11 graus, os secos de 5 a 7 graus, os espumosos e doces de 4 a 5 graus; os "champagnes" devem ser servidas quase geladas, porém, ao invés de deixá-las por muito tempo na geladeira é preferível o uso de um baldinho cheio de gelo onde a garrafa deve ser imersa meia hora anter de servi-la. Jamais servir um vinho branco com cubinhos de gelo, isso é considerado uma afronta à sua qualidade.
Já os vinhos tintos se servem à temperatura ambiente de 15 a 18 graus, sendo que aqueles com mais espírito e corpo como os "borgonhas" e "bordôs" podem ser servidos a 22 graus, sendo a rolha removida algumas horas antes de servir e o líquido colocado cuidadosamente em uma decanteira transparente possibilitando, assim, notar o efeito do depósito dos sedimentos.
De acordo com a regra, cada vinho tem seu próprio copo e não se deve encher até a borda para perceber seu perfume – no idioma dos entendidos chamado de "bouquet". Os copos devem ser preferivelmente de cristal para melhor apreciar a cor dos vinhos e suas qualidades. É importante conservá-los adequadamente e combiná-los com especialidades gastronômicas compatíveis ao tipo de vinho selecionado. Importante também lograr um certo equilíbrio entre a comida e o vinho ingerido. Em restaurantes, o cardápio ou lista de vinhos é o método adequado para fazer a melhor seleção, sendo essencial obter informações sobre a marca, ano de produção e sua origem. Imediatamente após sacar a rolha o vinho é servido ao homem em pequena quantia para ser testado e, caso aprovado, será primeiramente servido à mulher e depois ao homem.
Na prática aprendi o seguinte: se o vinho for bom, logo após o primeiro gole o único comentário é " hhmmmmmm..." e depois " tim-tim"!!
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