Nosso Cantinho - O IMPACTO - 19.01.2012 - Maurinho Adorno
A sina de Jonathan,
condenado por assalto
Jonathan Reis dos Santos nasceu na periferia, fruto de um encontro casual de sua mãe, a Alaíde, com o Homero Santos, um vendedor ambulante. Nasceu de parto normal, com 3,5 quilos e muita saúde. Viveu os primeiros anos de sua vida em uma creche municipal para que sua mãe pudesse trabalhar como doméstica, de segunda a sábado. No período das 16 às 19 horas ficava na casa de sua avó materna, a Bernadete, à espera de sua mãe chegar do trabalho. Seu pai apenas havia concedido seu sobrenome. Algumas noites ele aparecia, sempre embriagado, para fazer sexo com a Alaíde e a espancava sob as vistas de Jonathan. Não tinha influência em sua educação. Aliás, não participava de nada e nem mesmo dava ajudava financeira.
Com o passar dos anos, Alaíde conseguiu que Homero se afastasse de sua casa. Esse fato não contribuiu para a criação de Jonathan. Ao sair da escola, ele sempre via o pai embriagado, às vezes brigando no boteco situado no mesmo bairro em que morava. Envergonhado, corria para casa da avó e chorava copiosamente nos braços dela. Bernadete, com seus 72 anos, afetada por diversas escolioses e reumatismo, pouco podia fazer pelo neto. Alisava sua cabeça e tentava consolá-lo.
Num desses dias, ao avistar o pai embriagado, tentou dissuadi-lo da bebida. Abordou o progenitor:
– Pai, o senhor deveria parar de beber, porque se não parar vai morrer logo.
Jonathan não espera a reação do pai: um tabefe na cara que o jogou a uns dois metros de distância.
Os sentimentos afetivos que nutria por Homero começaram a se deteriorar ao ver sua mãe ser espancada. Agora passou a sentir ódio do pai. Jurou nunca mais conversar com ele.
Alaíde vivia angustiada. Sabia que um destino sombrio esperava seu filho. Agora, como estudava apenas meio período, ele tinha tempo para aprender coisas erradas. Ela resolveu que ele deveria trabalhar no período da tarde para não ficar nas ruas. Conseguiu num supermercado para que ensacasse as compras, junto ao caixa. Mas, o gerente fez uma exigência:
– Eu preciso de uma autorização judicial, pois ele tem apenas 12 anos e a lei não permite o trabalho antes dos 15 anos.
Alaíde não teve dúvida. Pediu à patroa dispensa no período da tarde e foi conversar com o Juiz do Trabalho. Disse das dificuldades na criação do filho e seu temor de vir a vê-lo envolvido com drogas e assaltos. Dr. Gilson foi ríspido:
– A senhora quer que eu a autorize a burlar a lei? Indagou e a despachou.
Um ano se passou e Alaíde viu seu filho ter uma grande transformação de temperamento: agressivo e com desempenho escolar abaixo da média. Percebeu que a avó, sua mãe, estava dando dinheiro diariamente ao seu filho. Pouco, é verdade, mas estava dando. Tentou por diversas vezes conversar com o filho, mas as tentativas se mostravam infrutíferas. Ele começou a chegar tarde da noite em casa.
Numa noite, ao chegar à sua rua, percebeu duas viaturas policiais paradas à frente de sua casa. Dela saíram cinco policiais escoltando seu filho. Estava detido por roubo. O tenente que comandou a operação falou com ela:
– Seu filho roubou relógios em uma loja e trocou por drogas.
Na mesma noite, por ser menor, Jonathan estava nas ruas. Não adiantaram os conselhos maternos. A situação degringolou: aos 19 anos ele estava preso, condenado a 4 anos de prisão por tráfico de cocaína. Com 21 deixou o presídio, beneficiado por bom comportamento.
Na cadeia, Jonathan conheceu o Luizão, assaltante de bancos, e companheiro de cela. Ficaram amigos.
Luizão conversava muito com Jonathan sobre sua vida criminosa.
– Meu erro no assalto do Banco do Brasil foi o de não fazer a família do gerente refém. Ele conseguiu chamar a polícia e nós caímos.
Luizão saiu da cadeia após cumprir sua pena e ambos se encontraram em uma “boca de fumo”. Resolveram assaltar uma agência da Caixa. Ambos foram presos, um no banco e outro na casa do gerente. Estão condenados a 12 anos de prisão e cumprem a pena em presídio de segurança máxima.
Maurinho Adorno é jornalista.
mauro@cpimpacto.com
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