História de Poços de Caldas (Roberto Tereziano) - parte 1-
Formação Geológica
Há cerca de 60 milhões de anos uma volumosa massa incandescente de rochas alcalinas em estado pastoso emergiu do centro da terra e rompeu abruptamente sua crosta. Uma área de 800 quilômetros quadrados, com aproximadamente 30 quilômetros de diâmetro elevou- se a uma atura tal que ainda hoje se mantém até 500 metros acima da média da região circundante.
A massa incandescente que atingiu milhares de graus centigrados elevou ou mesmo assimilou as rochas pré- existentes. Esse fenômeno que os geólogos chamam de Intrusão alcalina ocorreu no planalto de Poços de Caldas.
O planalto passaria ainda, em intervalos e milhões de anos, por uma serie de pequenas manifestações vulcânicas de pouca intensidade, que se extinguiram totalmente com o passar do tempo.
Mais importantes foram as ações hidrotermais que se processaram através de quase toda a massa de rocha intrusiva que tomou conta da região, pressionando com seu peso o lençol d’agua. Corrente de gases e de água, vindas de grande profundidade, mineralizaram rochas e fraturas, formando jazidas de bauxita, argilas aluminosas refratárias e rochas potássicas.
Tal ação sob o lençol d’agua faz com que a água sob pressão suba por pequenas fendas e cheguem à superfície, constituindo as fontes e águas sulfurosas, algumas das quais quentes, como conhecemos ainda hoje.
E foram essas águas as responsáveis pelo povoamento e pelo nome dado ao lugar. Poços de Caldas.
A massa incandescente que atingiu milhares de graus centigrados elevou ou mesmo assimilou as rochas pré-
O planalto passaria ainda, em intervalos e milhões de anos, por uma serie de pequenas manifestações vulcânicas de pouca intensidade, que se extinguiram totalmente com o passar do tempo.
Mais importantes foram as ações hidrotermais que se processaram através de quase toda a massa de rocha intrusiva que tomou conta da região, pressionando com seu peso o lençol d’agua. Corrente de gases e de água, vindas de grande profundidade, mineralizaram rochas e fraturas, formando jazidas de bauxita, argilas aluminosas refratárias e rochas potássicas.
Tal ação sob o lençol d’agua faz com que a água sob pressão suba por pequenas fendas e cheguem à superfície, constituindo as fontes e águas sulfurosas, algumas das quais quentes, como conhecemos ainda hoje.
E foram essas águas as responsáveis pelo povoamento e pelo nome dado ao lugar. Poços de Caldas.
Aguas Virtuosas
A região onde está situada a cidade de Poços de Caldas foi desbravada, na segunda metade do século XVIII. Por bandeirantes que penetravam no sul das Minas Gerais em busca de ouro e pedras preciosas. (Ver Pedro Sanches)
Como as atividades agrícolas ou pastoris não eram comuns nas áreas mineradoras, a caça tinha grande importância para a subsistência daqueles homens. Foi seguindo a trilha de animais silvestres que eles chegaram a um vale cercado por montanhas, de vegetação rasteira intercalada por bosques próximos aos leitos dos ribeirões que o cortavam e com fontes de águas borbulhantes, algumas, a 45 graus centigrados.
As poças que se formavam em volta das fontes eram procuradas pelos animais que bebiam aquela água salobra. Por se pensar que estavam nas margens do Rio Pardo, a região, primeiro passou a ser chamada de Novo descoberta do Rio Pardo e mais tarde por Campos das Caldas. (Ver Cálidas) Termo originário do latim, "cálidos" e adotado pelos portugueses, as águas minerais quentes eram denominadas Caldas. Este foi também o nome da cidade á qual a região pertencia.
O Campo das Caldas não se mostrou abundante em ouro ou pedras preciosas e ficou desabitado por quase um quarto de século. A ocupação só teria lugar quando a mineração foi substituída pela atividade pastoril em toda Minas Gerais.
Ricas em pastagens, aquelas terras acabaram por atrair alguns povoadores. Mesmo que, embora ainda, interessado por minérios, Inácio Preto de Morais, originário do estado de São Paulo, tenha sido o primeiro a se estabelecer, em 1781, nas proximidades da Cascata das Antas. Julgava ele estar em São Paulo. Sete anos depois seria expulso por tropas mineiras que disputavam com os paulistas a posse da região.
Como as atividades agrícolas ou pastoris não eram comuns nas áreas mineradoras, a caça tinha grande importância para a subsistência daqueles homens. Foi seguindo a trilha de animais silvestres que eles chegaram a um vale cercado por montanhas, de vegetação rasteira intercalada por bosques próximos aos leitos dos ribeirões que o cortavam e com fontes de águas borbulhantes, algumas, a 45 graus centigrados.
As poças que se formavam em volta das fontes eram procuradas pelos animais que bebiam aquela água salobra. Por se pensar que estavam nas margens do Rio Pardo, a região, primeiro passou a ser chamada de Novo descoberta do Rio Pardo e mais tarde por Campos das Caldas. (Ver Cálidas) Termo originário do latim, "cálidos" e adotado pelos portugueses, as águas minerais quentes eram denominadas Caldas. Este foi também o nome da cidade á qual a região pertencia.
O Campo das Caldas não se mostrou abundante em ouro ou pedras preciosas e ficou desabitado por quase um quarto de século. A ocupação só teria lugar quando a mineração foi substituída pela atividade pastoril em toda Minas Gerais.
Ricas em pastagens, aquelas terras acabaram por atrair alguns povoadores. Mesmo que, embora ainda, interessado por minérios, Inácio Preto de Morais, originário do estado de São Paulo, tenha sido o primeiro a se estabelecer, em 1781, nas proximidades da Cascata das Antas. Julgava ele estar em São Paulo. Sete anos depois seria expulso por tropas mineiras que disputavam com os paulistas a posse da região.
Primeiros registros das fontes
Data de 1786 o primeiro registro de "uns olhos d’agua cálidas legitimas" nos arredores das itaipavas do Rio Pardo. (mais tarde se descobre que era Rio Lambari - Cascata das Antas)
Constava de um comunicado de João de Almeida da Fonseca a Luiz da Cunha de Menezes, governador de Minas Gerais. Logo o governador informaria Portugal acerca daquelas "aguas termais tão virtuosas e úteis" Alertava também sobre boatos de que "naquele mesmo sítio andava solto o diabo" que teria sido visto várias vezes.
A fumaça das águas quentes e o forte cheiro de enxofre que emanavam das águas levavam àquela crença e podem ser a explicação para o nome dado a uma das fontes da cidade. Uma das fontes chama- se Pedro Botelho. Alusivo a "Pero el Botero" uma das muitas denominações do demônio, segundo as tradições medievais.
No começo do século XIX a fama das virtudes terapêuticas das caldas já sobrepunha ao medo provocado pelas figuras diabólicas e alcançava regiões mais distantes. Dom Manuel de Portugal e Castro, governador da capitania de Minas Gerais permaneceu pela região por um mês inteiro, durante o ano de 1818. Ele escreve ao Rei, Dom João Vl, seu parente, louvando- as.
Virtudes das águas que haviam aliviado seus males e dores.
Entre os poucos passantes viajando pela região estava Joaquim Bernardes da Costa Junqueira, fazendeiro da cidade mineira de Conceição do Rio Verde. A qualidade da pastagem local havia chamado a sua atenção e, ele orientou seus filhos José Bernardes, João Candido, Joaquim Bernardes, e Gabriel Flávio da Costa Junqueira, em 1816, a requerer a sesmaria, processo em que o governo imperial doava terras não exploradas, as chamadas terras devolutas, para quem se dispusesse a ocupa- la e cuidar.
Concedidas as sesmaria em 1819, ficavam na área denominada Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio do Rio Verde das Caldas (hoje Caldas), subordinada á vila de Campanha da Princesa (Campanha, MG). No final do ano seguinte os irmãos tomaram posse das sesmarias. Nas e José Bernardes da costa Junqueira, situadas na região então chamada Pinhal em função de ter muitos pinheiros, ficavam as fontes termais.
O local continuava ser frequentado, a pesar das dificuldades de acesso e dos problemas com a subsistência. A alimentação consistia, além da caça, em provisões transportadas por caminhos precários e íngremes. Para abrigo, levantavam- se frágeis cabanas de palha e couro. A maioria usufruía das fontes fumegantes em buracos cavados ao redor das nascentes. Mais tarde passaram a usar tinas ou caixotes feitos de madeira.
Buscando preservar a privacidade, alguns protegiam as rusticas banheiras com tapumes toscos. Ao fim da temporada tudo era desfeito pela ação do tempo, pelos animais selvagens ou até mesmo pelos posseiros, reticentes com as constantes invasões ou por medo de contágio infeccioso.
Em 1826, segundo determinação do governo de Minas Gerais, o Dr. Agostinho de Souza Lourenço visita a região pra estudar o aproveitamento das águas um pouco mais resfriadas.
Segundo os mais antigos usuários nos tempos primitivos o grau geotérmico, ou seja, a temperatura da água era muito superior.
Dr. Agostinho elabora um relatório sobre o local e sugere a possibilidade de edificações para tratamento e repouso dos "aquáticos’". O que viria a acontecer muito mais tarde com o início do povoado.
Tempos depois Joaquim Bernardes da Costa Junqueira compra as terras de seus irmãos e instala, nas que haviam sido de José Bernardes da Costa Junqueira a Fazenda do Barreiro, núcleo da futura cidade de Poços de Caldas.
Em 1858 o médico Fortunato Rafael Nogueira Penido criticou o abandono a que os administradores da província relegavam as fontes. Ironicamente, chamou o rancho em que alojava, com apenas sete metros de comprimento por cinco e largura, portas de esteiras, paredes de pau- a- pique e teto de capim, de palacete e de um dos mais memoráveis que ali tinha se construído durante os últimos dez anos.
Logo porem que recebeu tal critica o governo mineiro voltou a se preocupar com aquela água sulfurosa. Em 1865, o engenheiro Martiniano da Fonseca dos Reis Brandão foi encarregado pelo governo para o projeto de construção de um balneário e uma hospedaria. Para isso, Joaquim Bernardes da Costa Junqueira doou ao governo, em 30 de abril, daquele ano, vinte e seis alqueires e meio das terras da fazenda do Barreiro. (ver desapropriação). No entanto, poucas providencias foram tomadas, ou apenas se construiu valas para que as águas do ribeirão não se misturassem com as da fonte nos períodos de chuva.
Constava de um comunicado de João de Almeida da Fonseca a Luiz da Cunha de Menezes, governador de Minas Gerais. Logo o governador informaria Portugal acerca daquelas "aguas termais tão virtuosas e úteis" Alertava também sobre boatos de que "naquele mesmo sítio andava solto o diabo" que teria sido visto várias vezes.
A fumaça das águas quentes e o forte cheiro de enxofre que emanavam das águas levavam àquela crença e podem ser a explicação para o nome dado a uma das fontes da cidade. Uma das fontes chama-
No começo do século XIX a fama das virtudes terapêuticas das caldas já sobrepunha ao medo provocado pelas figuras diabólicas e alcançava regiões mais distantes. Dom Manuel de Portugal e Castro, governador da capitania de Minas Gerais permaneceu pela região por um mês inteiro, durante o ano de 1818. Ele escreve ao Rei, Dom João Vl, seu parente, louvando-
Virtudes das águas que haviam aliviado seus males e dores.
Entre os poucos passantes viajando pela região estava Joaquim Bernardes da Costa Junqueira, fazendeiro da cidade mineira de Conceição do Rio Verde. A qualidade da pastagem local havia chamado a sua atenção e, ele orientou seus filhos José Bernardes, João Candido, Joaquim Bernardes, e Gabriel Flávio da Costa Junqueira, em 1816, a requerer a sesmaria, processo em que o governo imperial doava terras não exploradas, as chamadas terras devolutas, para quem se dispusesse a ocupa-
Concedidas as sesmaria em 1819, ficavam na área denominada Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio do Rio Verde das Caldas (hoje Caldas), subordinada á vila de Campanha da Princesa (Campanha, MG). No final do ano seguinte os irmãos tomaram posse das sesmarias. Nas e José Bernardes da costa Junqueira, situadas na região então chamada Pinhal em função de ter muitos pinheiros, ficavam as fontes termais.
O local continuava ser frequentado, a pesar das dificuldades de acesso e dos problemas com a subsistência. A alimentação consistia, além da caça, em provisões transportadas por caminhos precários e íngremes. Para abrigo, levantavam-
Buscando preservar a privacidade, alguns protegiam as rusticas banheiras com tapumes toscos. Ao fim da temporada tudo era desfeito pela ação do tempo, pelos animais selvagens ou até mesmo pelos posseiros, reticentes com as constantes invasões ou por medo de contágio infeccioso.
Em 1826, segundo determinação do governo de Minas Gerais, o Dr. Agostinho de Souza Lourenço visita a região pra estudar o aproveitamento das águas um pouco mais resfriadas.
Segundo os mais antigos usuários nos tempos primitivos o grau geotérmico, ou seja, a temperatura da água era muito superior.
Dr. Agostinho elabora um relatório sobre o local e sugere a possibilidade de edificações para tratamento e repouso dos "aquáticos’". O que viria a acontecer muito mais tarde com o início do povoado.
Tempos depois Joaquim Bernardes da Costa Junqueira compra as terras de seus irmãos e instala, nas que haviam sido de José Bernardes da Costa Junqueira a Fazenda do Barreiro, núcleo da futura cidade de Poços de Caldas.
Em 1858 o médico Fortunato Rafael Nogueira Penido criticou o abandono a que os administradores da província relegavam as fontes. Ironicamente, chamou o rancho em que alojava, com apenas sete metros de comprimento por cinco e largura, portas de esteiras, paredes de pau-
Logo porem que recebeu tal critica o governo mineiro voltou a se preocupar com aquela água sulfurosa. Em 1865, o engenheiro Martiniano da Fonseca dos Reis Brandão foi encarregado pelo governo para o projeto de construção de um balneário e uma hospedaria. Para isso, Joaquim Bernardes da Costa Junqueira doou ao governo, em 30 de abril, daquele ano, vinte e seis alqueires e meio das terras da fazenda do Barreiro. (ver desapropriação). No entanto, poucas providencias foram tomadas, ou apenas se construiu valas para que as águas do ribeirão não se misturassem com as da fonte nos períodos de chuva.
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