(relíquia que venho até nós pelo sapiente Ranulf Manolo -colaborador atendo dos blogs:saberladino;nossosaberladino.blogspot.com e xadrezdinobueno.blogspot.com) |
SERMÃO DO MANDATO
A segunda ignorância que tira o merecimento ao Amor, é não conhecer quem ama a quem ama. Quantas coisas há no mundo muito amadas, que, se as conhecera quem as ama, haviam de ser muito aborrecidas !
Graças logo ao engano e não ao Amor. Serviu Jacó os primeiros sete anos a Labão, e ao cabo deles, em vez de lhe darem a Raquel, deram-lhe a Lia. Ah enganado pastor e mais enganado amante !
Se perguntarmos à imaginação de Jacó por quem servia, responderá que por Raquel. Mas se fizermos a mesma pergunta a Labão, que sabe o que é, e o que há de ser, dirá com toda certeza que serve por Lia, não servira sete anos nem sete dias.
Serviu logo ao engano e não ao amor, porque serviu para quem não amava. Oh, quantas vezes se representa esta história no teatro do coração humano, e não com diversas figuras, senão na mesma ! A mesma que na imaginação é Raquel, na realidade é Lia; e não é Labão o que engana a Jacó o que se engana a si mesmo.(!?)
Não assim o divino amante, Cristo. Não serviu por Lia debaixo da imaginação de Raquel, mas amava a Lia conhecida como Lia. Nem a ignorância lhe roubou o merecimento ao Amor, nem o engano lhe trocou o objeto do trabalho.
Amou e padeceu por todos, e por cada um, não como era bem que eles fossem, senão assim como eram. Pelo inimigo; pelo ingrato, sabendo que era ingrato, e pelo traidor, sabendo que era traidor ! Deste discurso se segue uma conclusão tão certa como ignorada; é que os homens não amam aquilo que cuidam que amam.
Por quê ? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima VIDROS, cuida que são diamantes, DIAMANTES estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama não defeitos.
Cuidas que amais diamantes de firmeza e amais vidros de fragilidade; cuidas que amais perfeições angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo, os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam; e o que se imagina, e não é, não há no Mundo." Não assim o Amor de Cristo, sábio sem engano".
Pe ANTONIO VIEIRA
A segunda ignorância que tira o merecimento ao Amor, é não conhecer quem ama a quem ama. Quantas coisas há no mundo muito amadas, que, se as conhecera quem as ama, haviam de ser muito aborrecidas !
Graças logo ao engano e não ao Amor. Serviu Jacó os primeiros sete anos a Labão, e ao cabo deles, em vez de lhe darem a Raquel, deram-lhe a Lia. Ah enganado pastor e mais enganado amante !
Se perguntarmos à imaginação de Jacó por quem servia, responderá que por Raquel. Mas se fizermos a mesma pergunta a Labão, que sabe o que é, e o que há de ser, dirá com toda certeza que serve por Lia, não servira sete anos nem sete dias.
Serviu logo ao engano e não ao amor, porque serviu para quem não amava. Oh, quantas vezes se representa esta história no teatro do coração humano, e não com diversas figuras, senão na mesma ! A mesma que na imaginação é Raquel, na realidade é Lia; e não é Labão o que engana a Jacó o que se engana a si mesmo.(!?)
Não assim o divino amante, Cristo. Não serviu por Lia debaixo da imaginação de Raquel, mas amava a Lia conhecida como Lia. Nem a ignorância lhe roubou o merecimento ao Amor, nem o engano lhe trocou o objeto do trabalho.
Amou e padeceu por todos, e por cada um, não como era bem que eles fossem, senão assim como eram. Pelo inimigo; pelo ingrato, sabendo que era ingrato, e pelo traidor, sabendo que era traidor ! Deste discurso se segue uma conclusão tão certa como ignorada; é que os homens não amam aquilo que cuidam que amam.
Por quê ? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima VIDROS, cuida que são diamantes, DIAMANTES estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama não defeitos.
Cuidas que amais diamantes de firmeza e amais vidros de fragilidade; cuidas que amais perfeições angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo, os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam; e o que se imagina, e não é, não há no Mundo." Não assim o Amor de Cristo, sábio sem engano".
Pe ANTONIO VIEIRA
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