Em tom de despedida, o prefeito de Campinas (SP) Demétrio Vilagra (PT), cassado na noite da quarta-feira por 29 dos 33 vereadores, disse que vai recorrer junto ao Tribunal de Justiça paulista. Seu recurso pedirá a anulação da decisão da Comissão Processante (CP) que o tira do cargo e o torna inelegível por oito anos. O documento será protocolado só no dia 9 de janeiro, após o recesso da Justiça.
“Esse é um momento delicado. A decisão da Câmara foi ilegal e é uma injustiça praticada contra mim. Sou inocente”, disse ele hoje em entrevista. Vilagra repetiu várias vezes que a Câmara não viu irregularidades antes, durante o governo, mas usa as denúncias do Ministério Público para “ganhar o governo de Campinas no tapetão”.
Para Vilagra, a Câmara não tinha nenhuma prova para afastá-lo do cargo ao usar uma suposta declaração de um réu confesso (ex-presidente da Sanasa, Luiz Catrillon de Aquino, que se beneficiou de uma delação premiada frente ao MP) para incriminá-lo. “Nós vamos procurar na Justiça todos os meios legais”.
Ele lembrou um momento durante a ditadura militar, em 1983, quando teve cassados os seus direitos políticos. “Fui à justiça, lutei e 23 anos depois consegui restabelecer os meus direitos”, contou. Em sua avaliação, só o Judiciário poderá lhe devolver o mandato. “O que eu ganhei nas urnas é meu de direito”, resumiu.
Sobre as irregularidades nos contratos da Sanasa, repetiu: “Eu não sabia de nada”. Mesmo afastado, Vilagra fica no cargo até segunda-feira. O presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), tomará posse após a publicação do ato no Diário Oficial do Município. Serafim tem 90 dias para convocar novas eleições em Campinas, nas quais será indicado um prefeito-tampão para encarregar-se da administração da cidade até 31 dezembro de 2012 - quando tomará posse o candidato eleito em outubro.
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