há ± 1 horaRosangela Scheithauer
Aqui vai uma das minhas PÉROLAS !!
Lembrancas da antiga Santa Cruz
(Rosangela Scheithauer)
Hoje conversei por muito tempo com a querida amiga de infancia e juventude, Carmen Bernardi Freitas - filha da D. Geni e do Seu Dario Bernardi. Ela me ajudou a relembrar pessoas e fatos da Santa Cruz daqueles tempos passados da nossa infancia. Comecamos a falar do Cido, um vizinho dela, que gostávamos muito e íamos sempre na casa dele. Fiquei sabendo que ele faleceu - parece que infartou ou algo assim.
Lembrei-me que nós íamos sempre fazer a tarefa na casa da Fátima Davoli (filha da D. Eunice e do Seu Irineu Zuliani), eles tinham um armazém antigo ali na Rua Santa Cruz. Aliás, fazendo um parentesis aqui, até os dias de hoje - mesmo após todos esses anos que estou fora do Brasil – visito a D. Eunice Davoli e ela me faz aquela comidinha caseira deliciosa que só ela sabe fazer. Antigamente quem cozinhava era a Denise (que chamávamos de De), mas infelizmente ela sofreu um acidente, caiu, fraturou o femur e já nao pode mais trabalhar como antigamente… mas ainda está lá firme – eu a vi em julho passado.
Voltando a falar dos tempos do armazem, ah como era bom ir lá - eu sempre ganhava um doce do Seu Irineu que me chamava de Rosa! Tinha um cara que trabalhava com ele que eu gostava muito, nao consigo me lembrar o nome dele - será que era Vando ou era Tiao? A Fátima vai me ajudar nisso. Aquele armazém era tudo de bom, lembro-me como se fosse hoje daqueles doces, dos sacos de farinha, feijao, arroz, latoes de óleo, leite e ao lado tinha a lojinha onde a D.Eunice vendia tecidos por metro… ahhh e foi lá que comprei minhas primeiras alpargatas de sola de corda - daquelas que se fechava com um tipo de bolinha de plástico – lembro que eram azul marinho ou marrom e mais tarde apareceram aquelas com umas tiarinhas com florzinhas tipo margaridas que a gente ficava trocando o tempo todo.
Me lembrei do bar do Seu Alfredo que ficava ali naquela esquina onde hoje tem uma farmácia na praca Santa Cruz. Ele tinha duas netas que eram conhecidíssimas na Santa Cruz porque eram…. Hhhhmmm… digamos assim, bem levadas. Uma delas – a mais levada – era a Tereza Bizorrao e a outra era a Cidinha. Elas eram sobrinhas do Seu Alfredo.
Lembrei-me do Bitchura - um que trabalhava com o Garros - que também me falaram que morreu de tanto beber. Ele chamava o Seu Pedro Simoso de Pedro Timoso.
Eeeeeeita povo bom pra beber aquele! E era pinga pura mesmo, nada de cerveja ou vinho… era da „mardita“ mesmo que eles gostavam!
Comentei com a Carminha sobre aquelas nossas idas à igreja na época de Natal para ouvir estórinhas natalinas e fazer a „preparacao para o Natal“. Rezávamos e cantávamos, os meninos se sentavam em uma fila de bancos, as meninas em outra fila. No final as nossas cartelinhas eram carimbadas no dia respectivo e isso acontecia do dia 1 ao dia 24 de dezembro. Quem enchesse a cartelinha ganhava um presentinho do Padre Paiva no dia 25. Os meninos ganhavam aquelas coisas típicas de moleques (carrinhos plásticos, bola, etc) e as meninas ganhavam coisas de menina. Era uma festa receber os presentes! Ahhh, e quando algum amigo ou amiga nao podia ir, nós carimbávamos a cartelinha deles. Eu me lembro muito bem que a igreja ficava lotada de crianca! Lembro-me de uma vez que o Valério, um que trabalhava com o Padre, se vestiu de Papai Noel e ficava ali na porta perguntando o que nós ganhamos de presente. Era uma alegria poder falar com o Papai Noel em pessoa!!!!!!!!!
A Carminha me ajudou a lembrar do delicioso pastel da d. Elídia, Maria Emilia do Note. Alguém se lembra disso? Era o melhor pastel da Santa Cruz.
Lembrei-me da „Derfina“, da D. Ana pamonheira, acho que o sobrenome dela era Quaglio.
Na Santa Cruz inteira nao tinha quem nao conhecesse a D. Sunta Manera, a benzedera. Até bem mais tarde quando eu já morava no exterior quando tinha algum problema com filhos eu pedia pra minha mae ir lá na D. Sunta pedir pra ela benzer. Ela pedia que minha mae levasse qualquer peca de roupa da pessoa que deveria ser benzida e daí fazia uma porcao de oracoes que a gente nao conseguia entender nada e com o terco na mao ela benzia - era uma santa benzedeira a D. Sunta!
Me lembrei da Creusa do Dilino, da D. Alzira, da Dona Ana Garros costuteira… fez muita roupa para mim e para meus irmaos. Antigamente, antes de morar ali na Praca, ela morava ao lado da nossa casa na Rua Biquinha do Conselho. Certa vez eu pulei o muro pra ir brincar com a sobrinha dela e caí em cima de uma lata de sardinha aberta… tive que ser levada direto para o médico - na época era o Dr. Marcelo que tinha consultório ali em frente ao bar Mirim. Levei 3 pontos na sola do pé que me foram dados SEM anestesia! Acho que doeu mais do que a dor do parto!
Lembrei-me do Seu Nório Bonati, marido da D.Elídia, que casal maravilhoso, que bondade, que docura.
Lembrei-me da lojinha da D.Antonieta que morava na esquina da rua Biquinha do Conselho… a lojinha era ali dentro da casa dela mesmo.
Saudade da D. Natália Duvigo e do seu Bepim, mae da Cema cabeleireira. Eu adorava ir lá e ve-la cozinhando em seu fogao a lenha e pitando um cigarro de palha. Achava o máximo. Ela me adorava e sempre me recebia com tanto carinho. Me perguntava: Qué um café, fia?
Lembrei-me de uma pessoa que todo mundo na Santa Cruz conhecia: o Zé, um cara extremamente pobre que vivia andando pelo bairro pedindo esmola ou um prato de comida. Coitado! Vivia bebado - ele usava um chapéu o tempo todo. Morreu de tanto beber, coitado.
Lembrei-me da Dorva que trabalhava na casa da D. Dalva Dante, coitadinha, era excepcional e vivia perguntando pra gente: „ oce já taso“ (casou)? E tinha também a Lena da Zéfina -- essa também era conhecida na paróquia Santa Cruz e ainda é até hoje. Na última vez que fui à missa na igreja ela estava ali sentadinha no banco da frente, é assídua frequentadora das missas. Tadinha, nao deve ter tido uma infancia feliz, os pais dela ( Zéfina e Furmiga) bebiam e batiam muito nos filhos. Lembro-me que muitas vezes a D. Vilma Davoli e o Seu Dario Bernardi brigavam com a Zéfina por causa dos maltratos às criancas, era uma judiacao.
Lembrei-me do coral Sao Gregório Magno, regido pelo Prof. Geraldo Pinheiro e a grande pianista Célia Simone (ambos já falecidos). Era um grande coral, minha mae era a Soprano, meu pai José Enéas e um dos Bridi eram tenores.
Mais tarde formou-se um outro coral na igreja regido pela D. Irene Naressi.
Lembrei-me da Mafa (Mafalda), que por muitos anos trabalhou em nossa casa e foi nossa babá - gosto muito dela e quase todas as vezes que vou ao Brasil nao deixo de dar uma passada lá na casa dela.
Essa cronica é dedicada a todos os Poletini´s, Zuliani´s e Juliani´s, Fávero, Bizigatto`s, Mantovani`s, Albano`s, Pichatelli`s, Christofoletti´s, Guarnieri`s, Diogo´s, Bernardi´s, Tarossi`s, Dovigo`s, Mazon´s, Bonatti`s, Simoso`s, Manera`s, Bueno`s, Naressi`s, Bridi`s, Rossi`s, De Pieri`s, Cunha Claro`s, Camargo`s, Vomero`s, Francato`s, Finazzi`s, Longato`s, Buscarioli`s, Pissinati`s, Scomparin`s, Rossi`s, Tarossi`s, Borin`s, Coppo`s, Leonello`s, Biazotto`s, Milano´s, Marangoni`s, Vedovello`s, Davoli`s, Mestrinel`s, Bordignon`s, Moreno`s, Malvezi`s, Celegatti`s, Camargo`s, Vischi`s, Bataglia´s, Zorzetto`s, Abbiati`s, Schincariol`s, Manara`s, Marangoni`s Scomparin`s e tantas outras familias que fizeram a história do Bairro Santa Cruz!
Um forte e saudoso abraco a todos.
Rosangela (Diogo Bueno) Scheithauer
(Viena – Áustria)
É um prazer compratilhar minhas lembrancas com todos os seus leitores e seguidores.
ResponderExcluirAbracao.
Rosangela
Dino, voce nao imagina o tanto de gente que me escreveu falando sobre esta cronica e as lembrancas que ela lhes trouxe. Que coisa boa né??? Muitos se emocionaram, choraram, riram lendo minhas palavras. Nao imaginei que uma simples cronica pudesse causar tanto impacto - fico feliz com isso. Como dizia um querido amigo lá da Santta Cruz... "nóssassóra so"! :-)
ResponderExcluirDepois que publiquei a cronica fiquei me lembrando de outros detalhes... ali em frente à casa onde morávamos na Rua Biquinha do Conselho antigamente nao havia nada, era só mato e sítios. O sítio bem em frente à nossa rua pertencia á D. Ernesta ( nao consigo me lembrar do sobrenome ) Lembro-me que éramos criancas e adorávamos pular uma cerca de arame que tinha lá pra ir apanhar jambo (lembra dos jambos?? delicia!), mas a D. Ernesta nao gostava e soltava as vacas no pasto, daí nós saíamos correndo. Fiz muuuuuito disso em companhia da Natália e do Sidney Coser. O Sidney Coser até se lembrou que às vezes nós subíamos na arvore e como caia frutos as vacas vinham pra comer , ai era aquela farra , não decíamos de medo e a unica coisa era esperar que elas fossem embora!!!! kkkkkkkk
Tempo bom de uma infancia feliz.