Histórias de Corinthians e Boca
Por Celso Unzelte | Causos do Futebol – 8 horas atrás
Corinthians e Boca Juniors, da Argentina,fazem a inédita final da Libertadores de 2012. Dois dos mais populares times da América do Sul, em amistosos e outras competições eles já se enfrentaram em 11 jogos nos últimos 77 anos, com cinco vitórias dos argentinos, três dos brasileiros e três empates. São 27 gols boquenses, 17 gols corintianos e muitas histórias para contar.
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Primeiro confronto (Parque São Jorge, 10 de fevereiro de 1935): campeão argentino, o Boca do goleiro Yustrich e de outros craques, como Lazatti, Varalo e Cherro, excursionava pelo Brasil, junto com seu rival River Plate. Vinha invicto, com goleadas sobre o Botafogo (4 a 0) e o São Cristóvão (6 a 1) e dois empates, com o Vasco (3 a 3) e o Palestra Itália (1 a 1).
Para aquele amistoso, o Corinthians, em crise técnica desde 1931, era considerado zebra. Mas não só acabou ganhando por 2 a 0 (gols de Mamede e Wilson, marcados ainda no primeiro tempo) como fez o famoso adversário fugir de campo. Aos 20 minutos do segundo tempo, o Boca deixou o gramado, inconformado com a marcação de um pênalti que poderia ter originado o terceiro gol alvinegro. A bola desse jogo encontra-se, hoje, exposta no Memorial do Corinthians, no próprio Parque São Jorge.
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Corinthians 4 x 3 Boca (La Bombonera, 21 de janeiro de 1961): esta é a última vitória corintiana sobre o Boca Juniors. E também a única, até hoje, do time brasileiro jogando no mítico estádio de La Bombonera. A partida valia pelo Torneio Octogonal de Verão, disputado também por Flamengo, Vasco e São Paulo (do Brasil), Cerro e Nacional (do Uruguai) e River Plate (da Argentina), e afinal vencido pelo Flamengo.
Paulinho fez Corinthians 1 a 0, o brasileiro Paulo Valentim, ex-Botafogo, empatou para o Boca e o histórico capitão Rattín virou o jogo para os argentinos: 2 a 1. No segundo tempo, Zague voltou a empatar, Paulinho, novamente, fez Corinthians 3 a 2, Loayaza marcou 3 a 3 para o Boca e finalmente Paulinho fez o gol da épica vitória corintiana por 4 a 3.
O técnico do Boca era o brasileiro Vicente Feola, campeão mundial pela Seleção em 1958. O do Corinthians, João Lima, que veio do modesto Nacional da capital paulista e registou em seu livro de memórias, Uma História em Cada Camisa, as seguintes palavras: "O que me chamou mais atenção no estádio do Boca Juniors foi ver um grupo da Fiel agitando três bandeiras do Corinthians na arquibancada, simbolizando em terras platinas sua inabalável paixão por um time que vive e mora no coração da sua gente".
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Boca 5 x 0 Corinthians (La Bombonera, 11 de junho de 1961): a maior goleada da história dos confrontos entre os dois clubes, aplicada no mesmo ano em que o Corinthians conquistou sua última vitória. Nesse amistoso, brilhou o brasileiro Almir Albuquerque, o "Pernambuquinho", que havia se transferido justamente do Corinthians para o Boca Juniors.
Almir era um jogador extremamente técnico, raçudo, mas também indisciplinado. Para tirá-lo do Vasco, em 1960, o então presidente corintiano, Vicente Matheus havia pago 6,5 milhões de cruzeiros. Uma fortuna para a época, dizem que paga de seu próprio bolso. A missão de Almir era equilibrar a hegemonia do futebol paulista com o Santos e encerrar o jejum de títulos corintiano, que, àquela altura, já entrava em seu sexto ano. Ser, enfim, uma espécie de "Pelé branco". Mas o Pernambuquinho, como também era chamado, teria causado ciúmes no elenco. Vendido ao Boca, nesse amistoso na Bombonera marcou dois dos cinco gols argentinos. Os outros três foram de Grillo, Paulinho Valentim e Nardiello.
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Boca 3 x 1 (La Bombonera, 17/4/1991) e 1 x 1 (Morumbi, 24/4/1991): os dois confrontos mais importantes entre os dois clubes, pelas oitavas de final da Libertadores de 1991. Marcados por três falhas de um mesmo jogador, o zagueiro corintiano Valdinei de Paula (Guinei).
Na primeira partida, em Buenos Aires, Guinei, primeiro, escorregou, permitindo que Graciani avançasse com a bola e fizesse Boca 1 a 0. Depois, o árbitro chileno Hernán Silva deu um pênalti duvidoso para cada lado, em que a bola bateu nas mãos dos respectivos defensores: nas cobranças, Giba empatou para o Corinthians e Batistuta fez Boca 2 a 1. Aos 28 minutos do segundo tempo, Guinei, novamente, foi sair jogando e perdeu a bola no lance que originou o terceiro gol boquense, marcado também por Batistuta.
Com aquela derrota fora de casa por 3 a 1, o Corinthians precisava devolver a diferença de dois gols no Morumbi para pelo menos levar a decisão para os pênaltis. Mas aos 18 minutos do segundo tempo Guinei falhou novamente, pela terceira vez nos dois jogos, ao escorregar no gramado molhado pela chuva. Graciani fez Boca 1 a 0, Paulo Sérgio chegou a empatar, mas a desclassificação corintiana acabou entrando para a história. Assim como o azar de Guinei.
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