Foto mostra um dos dois buracos abertos no Costa Concordia, após o navio bater em rochas ns costa italiana
Carmen Postigo.
Roma, 15 jan (EFE).- O cruzeiro "Costa Concordia", que encalhou na sexta-feira à noite e depois virou a poucos metros da praia de uma ilha italiana na Toscana por causa de um buraco de 70 metros no casco, é um espetáculo assustador e ao mesmo tempo um mistério por envolver justamente esse gigante dos mares.
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Era hora do jantar (18h45 em Brasília) na sexta-feira quando o "Costa Concordia" bateu em uma rocha próxima a ilha de Giglio.
Os mergulhadores detectaram um enorme buraco no navio e uma imensa rocha cravada no casco da embarcação, na área onde ficava a lavanderia, o alojamento da tripulação e uma loja.
No restaurante, os passageiros jantavam quando ouviram um forte estrondo e a energia elétrica se foi. A tripulação informou pelo sistema de comunicação que havia acontecido um problema no gerador elétrico. O navio continuou seu percurso, mas foi invadido por uma grande quantidade de água em minutos, contou o procurador de Grosseto, Francesco Velusio, que investiga o caso.
O próprio comandante do Concordia, Francesco Schettino, de 52 anos, afirmou que o navio conseguiu avançar ainda cerca de 100 metros quando ordenou que a embarcação navegasse em direção à ilha de Giglio, explicou no sábado à Defesa Civil e aos bombeiros.
A poucos metros da ilha, o cruzeiro afundou parcialmente, com a proa em direção a Giglio e inclinando-se sobre o lado direito.
Os passageiros, em pânico, tentavam fugir em meio a caóticas ordens de evacuação, cortes de luz, dificuldade para descer e alcançar entre empurrões os botes salva-vidas, o que levou muitas pessoas a se jogarem ao mar.
De acordo com Velusio, a Capitania dos Portos não foi informada sobre a colisão e o comandante do "Costa Concordia", detido no sábado acusado de homicídio culposo múltiplo, naufrágio e abandono de embarcação enquanto havia passageiros sem serem retirados, "se aproximou demais da ilha de Giglio".
Para especialistas marítimos, o cruzeiro navegava fora da rota, já que normalmente os navios passam mais distante do litoral da ilha.
O comandante alegou, no entanto, que o cruzeiro seguia a rota turística permitida, quando o navio se chocou "com uma rocha que não constava na carta náutica", disse à Defesa Civil.
Mas na Capitania de Giglio, entretanto, uma carta náutica colada no muro destaca a existência das rochas.
"A primeira colisão aconteceu a 500 metros de distância da costa, enquanto os navios passam normalmente a duas a três milhas do litoral", afirmou o prefeito de Giglio, Sergio Ortelli.
Um oficial da marinha garantiu que "quando uma embarcação navega pela costa, o piloto automático não é usado, mas o manual. É decisão do comandante escolher a distância da navegação do litoral".
Outros indicaram que após o choque contra a formação rochosa, o comandante ordenou que continuassem navegando até entrar água no Concordia, e que depois inverteu a rota em direção ao porto de Giglio.
A tripulação provavelmente imaginou, inicialmente, que poderia fazer a retirada dos passageiros, mas quando percebeu que não seria possível, o comandante teria ordenado mudar de rota e se dirigir para a ilha, especularam os especialistas marítimos.
Para as equipes de resgate, a tentativa de se aproximar da terra firme impediu que o incidente tivesse consequências ainda mais trágicas e que o Concordia afundasse.
Os rumores e opiniões são muitos, mas a solução do mistério está na caixa-preta, que dirá se o GPS funcionava, se a tripulação estava em seus postos, se houve negligência ou, como disse a Procuradoria, se houve "erro de manobra".
Outro ponto ainda não esclarecido é se o capitão estava no comando como alegou ou jantando, como contaram testemunhas, e por que abandonou o Concordia às 20h30 (horário de Brasília) enquanto os últimos passageiros a serem retirados tiveram de esperar até as 3h da madrugada. EFE
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