Construção em Vargem Grande leva de dormentes de trem a para-brisa de carro
Imagine uma casa praticamente toda feita de material reaproveitado, com elementos inusitados: para-brisa de carro velho como janelas e uma cabeceira de cama de ferro como guarda-corpo de um mezanino. Agora abra os olhos e veja as fotos desta página, que ilustram a tal construção. Ela existe, sim, em Vargem Grande, e pertence ao escultor Gutto Barros.
Feita segundo os preceitos da bioconstrução – a preocupação ecológica está presente desde a concepção até a ocupação do imóvel -, a residência do artista foi erguida basicamente com material que iria para o lixo: portas e janelas antigas; troncos de casuarinas mortas e até velhos dormentes de trem (esteios de madeira, que ficam debaixo dos trilhos).
Parte da madeira usada na casa (peroba rosa, hoje em extinção) provém de um tradicional hotel em Engenheiro Passos (RJ) e foi doada ao artista por uma amiga, após uma enxurrada que derrubou galinheiros dos anos 50, feitos do madeirame.
- Os amigos sabiam que eu estava fazendo a casa e que capto resíduos, então doaram coisas que iriam jogar fora – conta Barros, que trabalha há 22 anos com material reutilizado, em suas esculturas, móveis e luminárias.
Algumas das portas recebidas como doação foram utilizadas como janelas, na horizontal, uma forma de aumentar a iluminação e a ventilação. Um para-brisa de carro velho ganhou novo desenho, e foi adaptado a uma das paredes da sala, também ampliando a luz natural – e reduzindo o gasto com energia elétrica. As colunas da casa são feitas de casuarina, árvore que existe aos montes na orla do Recreio.
- Eu já tinha aproveitado galhos que secavam para fazer móveis. Vi que a durabilidade era enorme, e catei alguns para minha casa – lembra Barros.
Para o escultor, a bioconstrução é um processo ecológico e barato: – Uso material que está à minha volta, sem poluir. E gastei cinco vezes menos do que se tivesse comprado.
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