Quinta-feira, 31 de Maio de 2012 12:20
CALA A BOCA, XUXA!
OU: "QUANDO O SILÊNCIO É A MELHOR ALTERNATIVA"
Não vi a comentada entrevista da tal xuxa no Fantástico deste domingo,
dia 20/05. Mas não pude ignorá-la por muito tempo, pois a primeira
notícia que recebi nesta manhã, logo cedo, foi: "- Cê viu que a xuxa
foi abusada na infância?"
Fora o surrealismo da revelação, ocorreu-me que aquela, certamente,
não era a notícia que desejava ouvir logo no início da semana. Afinal,
como uma mulher de 50 anos, aparentemente esclarecida, só agora,
passado todo esse tempo, resolve falar sobre algo tão grave? E por que
me irritou tanto esta informação? Parei para refletir sobre o motivo
deste sentimento e, confesso, não foi difícil descobrir.
Esta senhora, lá pelos seus primórdios, vivia no mesmo condomínio do
meu irmão, no Grajaú, Rio de Janeiro. Lembro-me das minhas sobrinhas,
ensandecidas, indo buscar as grotescas sandalinhas cheias de brilhos
no apartamento dela, na esperança de encontrar o Pelé que, vira e
mexe, dava as caras por lá.
Desde os seus 20 e poucos anos de idade, ela comanda programas
infantis cuja tônica é erotizar precocemente as crianças,
transformando meninas em arremedos de mulheres sem se preocupar com
sua vulgarização.
Os programas que comandou sempre tiveram como mote atropelar o
desenvolvimento infantil em sua exuberância repleta de etapas
simbólicas. Pasteurizou os encantos desta fase empenhando-se em
exaltar a diferença entre possuir e não possuir os produtos que
anunciava ou que levavam sua grife tais como sandálias, roupas, maiôs,
lingeries, xampus, bonecas, chicletes, cosméticos, álbum de
figurinhas, cadernos, agendas, computadores, sopas, iogurtes, etc.,
num universo insano onde ela, eternamente fantasiada de insinuante
ninfeta, faz biquinho e comanda a miúda plebe ignara.
Cientes estamos todos de que esta senhora, durante muitos e muitos
anos, defendeu zelosamente seu polpudo patrimônio utilizando-se da
fachada de menina meio abobada que sequer sabia quantos milhões
possuía. Costumava dizer que era a sua empresária que administrava
suas posses cujo montante alegava, candidamente, desconhecer. Pobre
menina rica. E burra, com certeza. Como se fosse possível alguém tão
tapada tornar-se tão rica.
Talvez para esconder a consciência que tinha acerca do quanto ajudou a
devastar a inocência de tantas gerações de meninas que lhe devotavam a
mais pura idolatria, posou de inocente útil usando a mesma máscara que
agora reedita para falar, emocionada, do seu mais novo pretenso
drama/marketing.
Esqueceu-se que sua audiência, formada, na sua massacrante maioria,
por meninas, passou a ser considerada como alvo da desumana propaganda
colocando-as como mero veículo de consumo.
Esqueceu-se, convenientemente, de comentar que milhares de garotas
pelo Brasil afora foram abusadas sexualmente ao mesmo tempo em que
eram, por ela, adestradas a vestirem-se e comportarem-se como
verdadeiras lolitas.
Esqueceu-se de que ensinou atitudes claramente ambivalentes para
crianças que não faziam a mais pálida ideia do que podiam mobilizar em
mentes doentias.
Esqueceu-se de que a erotização tem sido ligada a três dos maiores
problemas de saúde mental de adolescentes e mulheres adultas:
desordens alimentares, baixa auto-estima e depressão.
Esqueceu-se também que as crianças, diariamente bombardeadas com
imagens de paquitas como modelos de uma beleza simplesmente
inalcançável enquanto corpos reais, torturavam-se perseguindo um modo
de serem belas, perfeitas, saudáveis e eternas.
Estimulando a sexualidade de forma tão precoce, essas meninas perderam
grande e preciosa fase do seu desenvolvimento natural. E reduzir o
período da inocência, certamente, acarretou-lhes desdobramentos
nefastos.
Daí para ideia, cada vez mais presente, da infância como objeto a ser
apreciado, desejado, exaltado, numa espécie de pedofilização
generalizada na sociedade foi, apenas, um pequeno passo.
desenvolvimento infantil em sua exuberância repleta de etapas
simbólicas. Pasteurizou os encantos desta fase empenhando-se em
exaltar a diferença entre possuir e não possuir os produtos que
anunciava ou que levavam sua grife tais como sandálias, roupas, maiôs,
lingeries, xampus, bonecas, chicletes, cosméticos, álbum de
figurinhas, cadernos, agendas, computadores, sopas, iogurtes, etc.,
num universo insano onde ela, eternamente fantasiada de insinuante
ninfeta, faz biquinho e comanda a miúda plebe ignara.
Cientes estamos todos de que esta senhora, durante muitos e muitos
anos, defendeu zelosamente seu polpudo patrimônio utilizando-se da
fachada de menina meio abobada que sequer sabia quantos milhões
possuía. Costumava dizer que era a sua empresária que administrava
suas posses cujo montante alegava, candidamente, desconhecer. Pobre
menina rica. E burra, com certeza. Como se fosse possível alguém tão
tapada tornar-se tão rica.
Talvez para esconder a consciência que tinha acerca do quanto ajudou a
devastar a inocência de tantas gerações de meninas que lhe devotavam a
mais pura idolatria, posou de inocente útil usando a mesma máscara que
agora reedita para falar, emocionada, do seu mais novo pretenso
drama/marketing.
Esqueceu-se que sua audiência, formada, na sua massacrante maioria,
por meninas, passou a ser considerada como alvo da desumana propaganda
colocando-as como mero veículo de consumo.
Esqueceu-se, convenientemente, de comentar que milhares de garotas
pelo Brasil afora foram abusadas sexualmente ao mesmo tempo em que
eram, por ela, adestradas a vestirem-se e comportarem-se como
verdadeiras lolitas.
Esqueceu-se de que ensinou atitudes claramente ambivalentes para
crianças que não faziam a mais pálida ideia do que podiam mobilizar em
mentes doentias.
Esqueceu-se de que a erotização tem sido ligada a três dos maiores
problemas de saúde mental de adolescentes e mulheres adultas:
desordens alimentares, baixa auto-estima e depressão.
Esqueceu-se também que as crianças, diariamente bombardeadas com
imagens de paquitas como modelos de uma beleza simplesmente
inalcançável enquanto corpos reais, torturavam-se perseguindo um modo
de serem belas, perfeitas, saudáveis e eternas.
Estimulando a sexualidade de forma tão precoce, essas meninas perderam
grande e preciosa fase do seu desenvolvimento natural. E reduzir o
período da inocência, certamente, acarretou-lhes desdobramentos
nefastos.
Daí para ideia, cada vez mais presente, da infância como objeto a ser
apreciado, desejado, exaltado, numa espécie de pedofilização
generalizada na sociedade foi, apenas, um pequeno passo.
Num país onde as mães deixam suas crias, por absoluta falta de opção,
frente à tevê sem qualquer tipo de controle e sem condições para
discutir o conteúdo apresentado, encontrou esta senhora terreno mais
que propício para disseminar sua perversa e desmedida ganância por
audiência e dinheiro.
Fosse ela uma pessoa minimamente preocupada com a direção que a
sexualidade exacerbada e fora de contexto toma, neste país onde
mulheres são cotidianamente massacradas, teria falado sobre este
suposto drama muito tempo atrás. Teria tido muito mais cuidado com os
exemplos de exposição que passava. Teria norteado seu trabalho dentro
de parâmetros muito mais educativos e, desta forma, contribuído para
que milhares de meninas fossem verdadeiramente cuidadas e respeitadas.
Ou teria simplesmente virado as costas e ido embora.
Logo, frente ao seu histórico, não tem mesmo nenhuma autoridade para
sustentar qualquer atitude fundamentada em belos e necessários
méritos.
Porque são de grandes valores, bons princípios e atitude exemplares
que nossa sociedade necessita de maneira URGENTE.
Portanto, CALE-SE, XUXA!
Heloisa Lima
Psicóloga Clínica - Maio de 2012.
frente à tevê sem qualquer tipo de controle e sem condições para
discutir o conteúdo apresentado, encontrou esta senhora terreno mais
que propício para disseminar sua perversa e desmedida ganância por
audiência e dinheiro.
Fosse ela uma pessoa minimamente preocupada com a direção que a
sexualidade exacerbada e fora de contexto toma, neste país onde
mulheres são cotidianamente massacradas, teria falado sobre este
suposto drama muito tempo atrás. Teria tido muito mais cuidado com os
exemplos de exposição que passava. Teria norteado seu trabalho dentro
de parâmetros muito mais educativos e, desta forma, contribuído para
que milhares de meninas fossem verdadeiramente cuidadas e respeitadas.
Ou teria simplesmente virado as costas e ido embora.
Logo, frente ao seu histórico, não tem mesmo nenhuma autoridade para
sustentar qualquer atitude fundamentada em belos e necessários
méritos.
Porque são de grandes valores, bons princípios e atitude exemplares
que nossa sociedade necessita de maneira URGENTE.
Portanto, CALE-SE, XUXA!
Heloisa Lima
Psicóloga Clínica - Maio de 2012.
ESTRANHO A PESSOA COMENTAR ALGO QUE NÃO VIU !!!
ResponderExcluirTambém achei muito estranho, mas, ela tem o direito de se expressar, mesmo contrariando a máxima de que "opinião é formada com informação. ". Ela poderia ter ido ao site do Fantástico e visto o clip. Não que isso fosse mudar a opinião tão fechada e veemente dela sobre ela. rs Ema
ExcluirSabem por que dia 18/05 é dia nacional de luta contra a violência e Abuso à criança e adolescente? É a data da morte de Araceli. Menina de 9 anos, linda e precoce, classe média de Vitória, violentada e assassinada por jovens de classe média alta em 18/05/1973. Onde estava a Xuxa?
ResponderExcluirEssa Heloisa Lima é uma rançosa. Qto amargor! Quanta agressividade! Que cag... ops, ditadora de regras!
Qual seria a melhor idade pra Xuxa declarar o abuso sofrido? Os abusos e violências contra a mulher e criança é culpa da erotização preconizada nos programas da Xuxa?
Nos casos anteriores à Xuxa, de quem é a culpa?
Não quero inocentar a Xuxa de alguma "culpa" na erotização das crianças, mas, crucificá-la como única culpada... já é demais. Pq será que essa tal odeia tanto a Xuxa?
CALA A BOCA HELOISA LIMA!
Vai abaixo a música da Angela RoRo Sobre o caso Araceli.Um abraço
Ema Ivanira
Monica - Angela RoRo
Garota não vá se distrair
E acreditar que o mundo vive com a inocência desse seu olhar
Você se engana e se dá mal, com tipinho anormal,
E a sociedade vai te condenar
Morreu violentada por que quis!
Saía, falava, dançava,
Podia estar quieta e ser feliz
Calada, acuada, castrada…
Agora não dá mais para sonhar
O seu diário na TV
Não há segredos mais para ocultar
Todos vão saber que era criança
Que amava muito os pais
Que tinha um gato e outros pecados mais
Aída Curi era rock, Aracelli balão mágico
Cláudia Lessin a geração de Reich,
O que eu não vou classificar
É a dor do pai, a dor da mãe
Que ela poderia ser, mas não vai
Queremos o seguinte no jornal
Quem mata menina se dá mal
Sendo gente bem ou marginal
Quem fere uma irmã tem seu final
Estou de pleno acordo com o CALA A BOCA HELOÍSA LIMA. Questionar que se passou muito tempo para que Xuxa fizesse a declaração, pelo amor de Deus! É falta de humanidade. Quanto tempo leva uma pessoa para digerir uma violência desse tipo, para sedimentar todos os traumas e sentimentos de culpa e finalmente ter a coragem de fazer uma declaração pública? É a Heloísa que vai dizer? Ela já passou por alguma coisa do tipo para saber exatamente o quanto custou à Xuxa falar em público? Se a Xuxa tivesse falado aos vinte e poucos anos, todo mundo iria dizer que era uma farsa para aparecer. Existe alguma idade ideal para isto?
ResponderExcluirDepois, dizer que um drama pessoal tão vergonhoso e hediondo é marketing? Pelo amor de Deus! Mais uma prova de falta de humanidade. Se a Xuxa precisasse de marketing (e não precisa) seria desse tipo?
Por que será que a sra. Heloísa alimenta tanta antipatia pela Xuxa? Segundo relato do texto, o irmão dela vivia no mesmo condomínio da Xuxa e as suas sobrinhas "ensandecidas", iam buscar as "grotescas sandalinhas" no apartamento da Xuxa, na esperança de encontrar o Pelé. Pessoal, reparem na utilização de adjetivos eivados de emoções negativas e gratuitamente destrutivas. Isto parece mais inveja ou preconceito racial enrustido? As apostas estão abertas para quem quiser votar.
Pessoas sórdidas como a sra. Heloísa nos fazem ter uma vaga ideia do que seja o inferno pessoal em que as pessoas que se projetaram, que são ricas e famosas passam do outro lado dos holofotes.
A Xuxa estava mais do que bem intencionada ao dar uma declaração corajosa, que aumentou em 30% as denúncias contra a violência sexual contra crianças e adolescentes. Isto vale mais do que qualquer discussão estéril e qualquer tentativa de denegrir injustamente a imagem pública de alguém.